Vamos tentar lembrar todos os que dele fizeram parte, agora que 2012 ditou o fim desta competição, cheia de tradição, empenho e história, e que foi resultado de uma saga de quase 100anos.

Em tempos surgiu um blogue que pretendeu fazer a história deste futebol.Logo desistiu. Depois, um site mais ambicioso, entre outras competições, também lhe deu guarida. Mas desapareceu, e com ele toda a informação.

A um e outro, forneci os dados recolhidos durante alguns anos nos jornais da Biblioteca Municipal do Porto. Agora, vou tentar dar a estes bravos, clubes e jogadores, a importância que eles tem.

17 setembro, 2012

Campeonato de Futebol de Amadores - 1964 a 2012

           As origens
             
              Uma prova desta natureza não surge do nada. Haverá sempre alguém que estará na sua origem. É assim que a direcção da AF do Porto à altura, presidida pelo dr. Edson (Passos Pinto) de Magalhães (que haveria de falecer num acidente de viação em 1974) inclui no seu plano de trabalhos a organização dum Campeonato de Amadores, a exemplo de prova semelhante em Lisboa. Estamos em Dezembro de 1964. Mas inicialmente a ideia era destinada aos clubes filiados, como forma de dar continuidade aos juniores, que não enveredando pelo profissionalismo, incipiente á época, se quedavam inactivos. Não estava também arredada a hipótese de estender a participação aqueles clubes populares então existentes, e que a Associação se prontificava a ajudar a legalizar. Entretanto o Jornal de Notícias toma conhecimento da ideia, e oferece apoio jornalístico, dando relevo à prova e oferecendo até os troféus a disputar. Discutidos os modelos e forma de disputa da prova, fica definida a criação do Campeonato de Amadores numa reunião da AF do Porto em 28 de Janeiro.
              Então, as muitas equipas populares, até então sem o mínimo de organização, mas agora movidas pelo entusiasmo de participar, correm a obter a licença de actividade desportiva, junto da Inspecção dos Espectáculos, que entregue junto da AF do Porto, lhes permitirá participar nestes campeonatos.
              Das colectividades envolvidas, oriundas de todo o distrito, têm especial relevância alguns concelhos, e nestes em determinados lugares. À cabeça estão, obviamente, as colectividades da cidade. Surgem de todo o lado, mas sobretudo naqueles locais de grande coesão e convivência social: bairros camarários e núcleos urbanos onde o café é ponto de encontro. Por outro lado, nos concelhos limítrofes surgem também núcleos urbanos com muita incidência participativa. Leça da Palmeira em Matosinhos e Valbom em Gondomar, são casos marcantes. Nos restantes são pontuais e mais dispersas as participações, verificando-se até casos de quase alheamento, como é o caso de Gaia, com participação quase residual. Mas nos primeiros oito anos de competição, já cerca de 230 colectividades tinham participado!
              É um ressurgir daquelas pequenas e simples colectividades que uns anos antes, tinham deixado a AF do Porto exactamente por esta associação os ter rejeitado devido a não disporem de campo de jogos. Então esses clubes (ou os que sobraram desse extermínio) promoviam jogos ocasionais que movimentavam largas centenas de pessoas. Daí a que alguém tenha entendido que tal entusiasmo e espírito competitivo não podia perder-se, tenha decidido criar esta competição.
              Nos 47 anos de vivência, foram 280 as colectividades que passaram por aqui. Muitas estão ainda hoje activas no futebol distrital, algumas até no nacional. Outras enveredaram pelo futsal, e outras ainda dedicaram-se a actividades recreativas ou outros desportos. Algumas desapareceram na bruma do tempo. Mas em todas há uma história. Cheia de peripécias  por certo, à espera que alguém as conte.


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